segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Fechando um ciclo!

Olimpíadas não se resumem às duas semanas de competição. Elas começam bem antes para atletas e aficionados por esportes, como eu.

Confesso que não acompanhei tão de perto o ciclo olímpico de todas as modalidades, o que seria até impossível, já que não faço isso profissionalmente, apenas como hobby, mas, pelo menos do vôlei de praia, e um pouco do vôlei de quadra, posso dizer que acompanhei bem de perto.

O sentimento agora é de fim de festa.

Sempre fico com essa saudade quando acaba qualquer evento esportivo grande, como Copa, Olimpíadas e até o Pan. Não poderia ser diferente quando tudo aconteceu no meu País e quando estive lá.


Essas Olimpíadas estarão para sempre na minha memória e no meu coração! Até a chama olímpica eu tive a honra de carregar!

Que saudade daqueles dias maravilhosos na Arena do Vôlei de Praia! Que saudade de subir aquelas escadas em 3 ou 4 sessões por dia, sempre curiosa por onde o destino teria marcado meu lugar! Que saudade de ver aquele mar lindo de Copacabana todos os dias! Que saudade daquele céu com cores lindíssimas, daquela animação da Arena, que era diferente a cada sessão! Que saudade daquelas baterias de escolas de samba, daqueles passistas, daquelas bandas de pop rock! Que saudade daquelas vinhetas que martelavam o juízo até a hora de dormir! Nossa, que saudade! Que saudade de ver os melhores do mundo quase que no "quintal de casa"! Que misto de emoções eu vivi lá! Difícil até descrever em palavras!

Que saudade de usar o transporte público que funcionava e me desafiar indo para cada um dos locais de competição que pude conhecer! Que saudade de encontrar pessoas novas, diferentes, de todos os lugares do mundo ou mesmo conhecidos que não via há algum tempo! Que saudade de ser um pouco carioca por alguns dias! Que saudade de esquecer dos problemas e minha única preocupação ser saber se ia dar medalha ou não!

Mas, como diz Chico Xavier, tudo passa! As coisas boas e também as não tão boas. Ficam o aprendizado, a experiência e as histórias para contar!

Fecho um ciclo. Cumpri meu objetivo com este Blog: compartilhei minhas experiências pré e olímpicas com vocês que dedicaram algum tempo para ler minhas aventuras e desventuras. Agora é hora de voltar à realidade. Quem sabe, daqui a 4 anos, em Tóquio, não tenha mais Sofia nos Jogos? Deus permita que sim!


sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Ouro para Alison e Bruno!

Não tinha ingressos para as finais do vôlei de praia masculino, por isso não estava lá para testemunhar este feito maravilhoso de Alison e Bruno, mas, nem por isso, posso deixar de imaginar como deve ter sido uma energia incrível!

No último dia da Arena do Vôlei de Praia, essa maravilhosa obra de engenharia, que Alison apelidou de "coliseu", que os locutores não cansavam de afirmar que era o local de competição mais animado da Rio 2016, a torcida brasileira, grande responsável por isso, teve uma recompensa merecida: ver uma de suas duplas no lugar mais alto do pódio!

Alison estava na sua segunda final olímpica e Bruno disputando sua primeira Olimpíada. Ambos são gigantes! Alison é um apaixonado por Olimpíadas e joga esta competição com uma gana que transcende qualquer dor, qualquer dificuldade, parece jamais sentir a pressão! Agora ambos têm seu lugar reservado para sempre no panteão da glória!

Alison e Bruno Schmidt final vôlei de praia (Foto: Murad Sezer/REUTERS)
Foto: http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/volei-de-praia/noticia/2016/08/gratidao-de-campeoes-alison-e-bruno-dividem-meritos-do-ouro-olimpico.html

Este ouro veio! O jejum no masculino não era tão longo quanto no feminino, mas lá se iam 12 anos da última douradinha.

Uma conquista muito especial e merecida!

Se falávamos, há alguns posts, de que grandes não tinham medalhas olímpicas, vale lembrar do grande Oscar Schmidt, tio de Bruno, que jamais conseguiu subir ao pódio olímpico, mas ontem pôde ver sua família representada, em casa, e logo no lugar mais alto. E Oscar subiu junto, afinal o nome do Bruno é Bruno OSCAR SCHMIDT.

Com isso, o Brasil já tem sua melhor participação na história olímpica, que antes era justamente 2004. Ainda temos chances de novas medalhas e vamos continuar torcendo até o último dia!

Pena que a Arena de Vôlei de Praia deverá ser desmontada em poucos dias. Quão intensas foram as emoções vividas por todos que lá passaram! Deixará saudade, inclusive na paisagem urbana do Leme e de Copacabana.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Larissa e Talita: um capítulo à parte.

Se alguém me dissesse há 13 dias que as Olimpíadas acabariam assim no vôlei de praia feminino, eu me recusaria a acreditar.

Eu me planejo de estar aqui desde 2009, desde quando o Rio foi escolhido para sediar estes Jogos.

A decisão de vir ao vôlei de praia veio a se fortalecer mais a partir de 2010, quando passei a acompanhar a modalidade mais de perto.

Com a decisão da Larissa de se aposentar, no início de 2013, nunca abandonei a ideia de vir ver o vôlei de praia ao vivo, mas, desde aquele dia, Brasil e México, pela Copa do Mundo, em Fortaleza, quando ela anunciou oficialmente sua volta com a Talita, eu tive certeza de que elas estariam aqui e eu também.

Participei de todas as fases de vendas de ingressos, desde o primeiro sorteio até a fase de venda direta. Como não sabia em que sessões elas estariam, saí comprando tudo, para não correr o risco de não ver algum jogo. Detalhe é que, nesta época, elas ainda não estavam sequer classificadas para as Olimpíadas.

A classificação veio em agosto/setembro de 2015 e foi comemorada aqui no evento teste, no qual elas acabaram campeãs. Eu estava lá, também testando como seriam as Olimpíadas aqui.

Desde que a dupla juntou-se, foram poucas derrotas, muitas vitórias, muitos jogos memoráveis, muitas alegrias.

Vim para cá sonhando junto com elas e com toda a equipe e família que o final poderia ser dourado, diferente dos últimos Jogos, quando a medalha acabou escapando. Quantas vezes as imaginei no alto do pódio, medalha no pescoço, hino nacional entoado pela multidão...

Acompanhei não só cada um dos 7 Jogos destas Olimpíadas, mas boa parte de todos os que fizeram para chegar até aqui.

E vi cada jogo aqui. Estive em cada um deles. Vi darem show nos 3 primeiros. Vi pegarem as algozes de outra etapa e eliminarem a Alemanha 2. Vi fazerem um jogo memorável contra a Suíça no qual tive certeza de que ninguém ganharia mais delas. No final deste, chorei. Lágrimas de alívio e de alegria, pois, durante boa parte do jogo, só pedia a Deus que não deixasse acabar naquele dia. Felizmente, não acabou, tive a chance de vê-las em ação mais duas vezes e, nas duas vezes, terminei com lágrimas nos olhos. Lágrimas, desta vez, de tristeza.

Não se trata de fanatismo, mas de empatia. Sonhei junto com elas com essa medalha e ela não veio. Dói, dói muito, porque mereciam por toda a história que construíram individualmente e enquanto dupla. Dói porque são julgadas por uma nação inteira por duas partidas que viram e não pelo conjunto da obra. Dói porque, enfim, Olimpíadas são Olimpíadas e eu queria vê-las no pódio, muito, muito mesmo, com todas as minhas forças, quase como se fosse eu mesma que fosse ganhar a medalha também. Dói porque conheço quase que cada um da equipe, com quem convivi até mais intensamente nessas Olimpíadas, sempre encontrando antes ou depois dos jogos. Dói porque as duas são pessoas maravilhosas que sou grata de ter conhecido e convivido um mínimo que tenha sido. Dói porque elas foram e serão sempre inspiradoras. 

Então melhor chorar, deixar cair todas as lágrimas que estão presas no peito. Mas a vida segue...

As derrotas fazem parte da vida, ainda mais de atletas profissionais, de alto rendimento. Sem dúvidas não apagam o fato de que foram uma das duplas mais empolgantes que vi jogar, que me proporcionaram momentos de muita alegria. Não apagam a brilhante história e o papel que cada uma tem no vôlei de praia brasileiro. Não muda em nada meu sentimento de admiração e inspiração por elas.

Quero lembrar desses Jogos com alegria. Com alegria de ter visto um gênio, que é a Larissa, jogar Olimpíadas em casa, de ter visto Talita disputar sua terceira Olimpíada também em casa e com gratidão a Deus por tudo e a elas por todos os momentos memoráveis que tiveram até agora. Quantas pessoas não gostariam de ao menos ter estado aqui e não puderam por diversos motivos? Para ver a Larissa no Pan, em 2007, até de um celular emprestado precisei e agora pude vê-la em ação ao vivo, isso vale uma medalha.

Bola para frente, meninas! Não se arrependam de nada! Tudo valeu a pena!




Dia 13. Boulervard e final olímpicas.

Para falar sobre este meu último dia participando de competições no Rio, vou fazer duas postagens. A primeira será esta, que tratará de aspectos esportivos, a outra será mais pessoal.

Bom, tirei a manhã para conhecer o Boulevard Olímpico. Trata-se de uma área revitalizada que recebeu diversas atrações para festejar os Jogos.

Indubitavelmente, é o espaço mais democrático das Olimpíadas. Para entrar lá, não precisa de ingresso, mas, estando lá, você pode sentir bem o clima olímpico. Pode tirar fotografias com a escultura dos Jogos e até mesmo com a pira olímpica que, pela primeira vez na história, não está presa a um estádio, mas no meio do povo. Legal, né?

A pira está lá linda, com a chama olímpica, aquela mesma que ajudei a carregar, flamejando e mantendo aquecido nossos corações.

A noite estava reservada para minha última sessão para a qual tinha ingresso: bronze e final olímpicas femininas.

No bronze, infelizmente, Larissa e Talita não conseguiram a medalha, que ficou com Walsh e Ross.

Na final, a medalha mais cobiçada também não ficou com as brasileiras Ágatha e Bárbara.

As alemãs Ludwig e Walkenhorst tiveram uma apresentação segura, estando à frente em todos os momentos e não dando chances de a medalha escapar.

Kira foi um monstro no bloqueio. Laura não deixava cair nada. Nem o vento forte e inesperado foi obstáculo. No final, festa da torcida alemã que incentivou o tempo inteiro, mesmo em reduzido número. Os gritos de Laura-Kira, que ouvi desde a primeira partida delas, contra o Egito, ecoaram mais alto.

Laura Ludwig, ou Lud, é uma atleta que também admiro e a medalha de ouro ficou bonita nela. Uma atleta meio moleca, que faz a festa no pódio, que sabe falar algumas palavras em português, que parece nunca ter sentido o peso de estar numas Olimpíadas. Lembro de, saindo da arena depois da derrota da semifinal, acompanhada de alguns parentes da Larissa, ter encontrado com ela, que fez uma cara triste e pediu desculpas em português, prontamente abraçando. Também recordo de, em março, tirar foto com ela, que organizou uma animada fila e atendeu todo mundo, gritando próximo para cada nova foto e dizendo último quando chegou minha vez.

Enfim, estive em cada uma das sessões em que houve jogos femininos nestas Olimpíadas. Vi cada jogo e tive a certeza de que estivemos diante de uma das Olimpíadas mais difíceis de todos os tempos. O final não foi de longe o que eu esperava, mas não posso deixar de me sentir privilegiada e grata a Deus por ter presenciado de tão perto tudo isso.

Vai deixar saudades! Já estou com saudades!

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Dia 12. O dia mais triste 2.

O dia de ontem foi tão intenso, que foi preciso fazer outro post para complementar.

Além da derrota de Larissa e Talita, o dia também foi de eliminação para o handebol feminino brasileiro, para o futebol feminino brasileiro e para o vôlei de quadra feminino brasileiro, além de Fabiana Murer.

O futebol, assim como a dupla, ainda terão uma chance de brigar por medalha, enquanto os demais saem sem nem poder disputá-la.

Por outro lado, Alison e Bruno passaram para a final, garantindo a primeira medalha olímpica para a família Schmidt.

Também ontem aconteceu um feito histórico olímpico: Ágatha e Bárbara impuseram a primeira derrota olímpica da vida de Kerri Walsh. Ela fora tricampeã olímpica de forma invicta e consecutiva (2004, 2008 e 2012). Até começarem estes Jogos, ela só tinha perdido 1 set. Nestes Jogos, ela perdeu a invencibilidade.

Walsh chegou a dizer que queria enfrentar este time brasileiro na final. Talvez jamais imaginasse o que o destino lhe reservava.

Walsh é, no vôlei de praia, tipo um Phelps ou um Bolt. Com sua ex-parceira May ela construiu toda essa história que, claro, não será apagada, mas que, ontem, ganhou um novo capítulo.

Não sou torcedora de Ágatha e Bárbara como sou de Larissa e Talita, mas é preciso reconhecer que ontem elas jogaram de forma contundente e arrebatadora. As norte-americanas, especialmente, Walsh, não tiveram a menor chance. Dominaram o jogo do início ao fim e levaram o Brasil de volta a uma final feminina, o que não acontecia desde 2004, quando Shelda e Adriana Behar perderam para Walsh e May.

Agora teremos uma final com 3 atletas olímpicas estreantes, apenas Ludwig já está na sua terceira olimpíada, mas também nunca jogou uma final. É a primeira medalha feminina na modalidade da Alemanha. Do outro lado, teremos uma disputa de bronze que muitos acreditavam seria a final. Temos 3 das últimas medalhistas olímpicas: Walsh - ouro, Ross - prata e Larissa - bronze, além de Talita, que disputa seus terceiros Jogos, mas ainda não medalhou. 

Quem vencerá cada um dos confrontos? Eu jamais me arriscaria a dizer! Mas será, mais do que nunca, uma final entre times que jogam soltos e alegres por estarem vivendo o inédito e uma disputa de bronze entre 4 atletas com o coração despedaçado. Não haveria roteiro mais épico para essas Olimpíadas, devo reconhecer, muito embora nem de longe seja o que eu sonhava.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Dia 12. O dia mais triste.

Nunca escondi de ninguém que uma das minhas maiores motivações para vir aos Jogos Olímpicos era ver Larissa e Talita jogarem e ganharem a medalha de ouro. 

Lógico que, desde o início, imaginava que não fosse ser fácil, o que só foi comprovado ao longo das partidas.

Desde as oitavas, pegando uma chave bem complicada, com rivais históricas, passando por umas quartas para cardíaco, chegaram à semifinal contra a única dupla cujo retrospecto era negativo e, infelizmente, o histórico aumentou desfavoravelmente.

Não quero entrar no mérito do jogo em si, até porque agora isso não vem ao caso. Estou profundamente triste, mas entendo que isso faz parte do jogo. O esporte nem sempre tem a justiça que esperamos, nem sempre os melhores conseguem uma medalha ou a medalha pretendida.

O vôlei de praia tem sido cruel com seus ídolos, principalmente do feminino. A lendária dupla Adriana Behar e Shelda nunca conseguiu a almejada medalha de ouro, assim como Larissa e Juliana, em Londres 2012. 

Larissa é a melhor do mundo, assim como a Marta, mas, infelizmente, nenhuma das duas conseguiu a medalha dourada. Fica um gostinho amargo, mas que, com o passar das horas, dos dias, vamos digerindo. Aos poucos, Deus vai nos dando o discernimento de compreender que, nem sempre as coisas são como queremos ou como achamos que seria justo, que, independentemente do que aconteça, as carreiras vitoriosas dessas atletas e de tantas outras que não subiram ao topo do pódio não fica manchada pela falta da medalha.

De toda sorte, ainda não acabou. Amanhã tem a disputa do bronze no vôlei de praia e Larissa e Talita ainda podem terminar a Olimpíada subindo ao pódio. Vamos torcer e terminar bem os Jogos Olímpicos!

Já já vou para a penúltima sessão que acompanharei nesses Jogos e, apesar de tudo, está valendo muito a pena!


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Dia 11. Maracanãzinho e Parque Olímpico.

Hoje foi dia de "folga" do vôlei de praia. Depois de estar todos os dias na Arena do Vôlei de Praia, fui conhecer a casa do vôlei de quadra e o Parque Olímpico da Barra.

Mais uma vez utilizando o transporte público, no caso, o metrô, fui para a área do Maracanã. Apesar de a sessão dar direito a dois jogos, acompanhei apenas o primeiro, já que tinha que ir para outra sessão na Barra. Lá, destaque para a torcida argentina, que fez uma bonita festa durante todo o jogo, mais ainda com a garantia da sua classificação em primeiro do grupo.

Depois, uma viagem longa e cansativa até o Parque Olímpico. É preciso usar BRT e metrô para chegar lá.

Em chegando lá, muita caminhada sob um sol escaldante. Resultado: acabei passando mal. Só consegui acompanhar o primeiro tempo do basquete. Brasil x Nigéria, e retornei.

O lugar é bonito, tem uma megastore ainda maior. Valeu ter conhecido.

No táxi, da estação do metrô para onde estou, ouvi a narração do final do segundo set e início do tie break. Quando a televisão aqui finalmente ligou, foi só a tempo de ver o match point de Alison e Bruno contra o time dos EUA.

Um jogo que poderia ser uma final, mas acabou sendo antecipado. Queria destacar a falta de renovação dos EUA e o fraco desempenho na praia: de 4 duplas, 2 foram eliminadas na fase de grupos e agora só resta Walsh e Ross, que, possivelmente, estão em sua última participação olímpica.

Amanhã, teremos 3 semifinais com brasileiros. Larissa e Talita são as primeiras contra as fortíssimas Ludwig e Walkenhorst, depois vêm Alison e Bruno contra a Holanda e, no último jogo do dia, a outra dupla feminina brasileira contra a dupla americana.

Não acredito em jogo fácil em nenhum desses. Larissa e Talita contra as alemãs é um clássico, mas espero um resultado favorável para as meninas e, mais do que isso, desejo que seja um jogo mais tranquilo para o Brasil do que o das quartas.

Vamos juntos!

Ah, agora no finalzinho da noite, bem legar de ver um rapaz tão jovem já faturar um ouro olímpico: boa, Thiago!